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Discurso do Presidente do ISEG na Sessão Solene de Abertura do Ano Letivo 2014/15

 

Magnifico Reitor,

 

Sr. Presidente do Conselho de Escola,

 

Sr. Vice-Presidente da Associação de Estudantes,

 

Distintos Convidados,

 

Caros Colegas, docentes e funcionários não docentes,

 

Caros Alunos,

 

Minhas senhoras e meus senhores,

 

O ISEG é uma instituição centenária à qual todos nos orgulhamos de pertencer. É a mais antiga escola de economia e gestão do país e está integrada na mais reconhecida universidade portuguesa – a Universidade de Lisboa.

 

Neste Instituto, foram formados e lecionaram muitos dos mais brilhantes economistas e gestores portugueses. O ISEG é uma escola pluralista, com tradição na defesa da independência académica e do pensamento económico e político livre.

 

O ISEG é uma referência indiscutível para as mais antigas gerações de economistas e gestores portugueses, como foi notório na celebração do seu centésimo terceiro aniversário. A sua tradição e papel histórico na sociedade Portuguesa são indiscutíveis.

 

No entanto, a globalização da economia é uma realidade também incontornável, com os seus espinhos, desafios e oportunidades. Apesar de algumas expectativas iniciais otimistas, rapidamente o país compreendeu que estava mergulhado num novo, e bem mais difícil, contexto. Algumas empresas portuguesas, outrora saudáveis e emblemáticas, esvaneceram, fruto, por vezes, de algum oportunismo e erros de gestão mas, também, da incapacidade de adaptação a um mercado nacional em retração, mais exigente e competitivo. A solução para muitas empresas foi, e continua a ser, a exportação e a internacionalização.

 

Convém ter em atenção que a globalização da economia afeta qualquer sector de atividade, incluindo o ensino e, em particular, o ensino superior. Para fazer face a estas alterações estruturais, é fundamental tentar antecipar o futuro e imprimir uma nova dinâmica nas instituições de ensino. É necessário a redefinição de objetivos, uma melhoria de processos, a introdução de novas tecnologias, ajustar a imagem, e ter visão. Visão para compreender e prever as dinâmicas naturais de um mercado global. Mas tudo isto, nós aprendemos e ensinamos nesta Escola.

 

O ISEG, que foi, durante muitos anos "A Escola" de Economia e Gestão em Portugal, tem denotado alguma dificuldade em compreender e adaptar-se ao novo contexto académico global.

 

Somos uma excelente escola de economia, gestão, matemática aplicada e ciências sociais, com boas instalações, docentes pedagogicamente competentes (como demonstram os inquéritos pedagógicos periodicamente realizados), uma escola líder em Portugal na produção científica em economia e gestão. É motivo de orgulho para todos nós o facto de todos os centros de investigação do ISEG terem passado à 2ª fase, no processo de avaliação da FCT.

 

No entanto, apesar da significativa capacidade científica e pedagógica que a Escola evidencia, não é líder em Portugal em termos de atratividade e não é claramente uma referência no contexto académico internacional.

 

Temos assistido, ao longo dos anos, com demasiada passividade, à proliferação de redes académicas, alianças estratégicas entre instituições de ensino superior, parcerias para oferecer cursos conjuntos, duplos graus, certificações e acreditações internacionais. É conveniente salientar que muitas das acreditações de referência internacional não são destinadas a boas escolas, são destinadas a boas escolas … internacionais!

 

Estas acreditações influenciam os rankings de cursos e instituições de ensino, que são utilizados como instrumentos de publicidade, e condicionam naturalmente as preferências dos alunos. É este o mundo em que vivemos, ao qual temos de adaptar-nos, se queremos manter o prestígio de outrora.

 

Quero aproveitar para salientar que foi com enorme satisfação que recebi a notícia que o ISEG passou formalmente à 2ª fase do processo de acreditação da AACSB, a mais reconhecida acreditação internacional de escolas de gestão. Quero também agradecer a todos os que estiveram envolvidos no processo, e foram muitos, o excelente trabalho realizado.

 

Em Portugal, o número de estudantes estrangeiros tem aumentado nos últimos anos, fundamentalmente devido ao sucesso do programa Erasmus, mas, a partir de 2014, a legislação portuguesa também passou a permitir às Universidades admitirem diretamente alunos estrangeiros para as suas licenciaturas.

 

As melhores escolas nacionais procuram posicionar-se no mercado mundial, criando condições para atrair bons alunos e docentes, independentemente da sua nacionalidade, de forma a aumentar e expandir a sua reputação, alargando também as oportunidades de mercado de trabalho para os seus finalistas.

 

Os bons alunos, candidatos ao ensino superior, estão cada vez mais interessados em indicadores de desempenho e empregabilidade e o mercado de trabalho, atualmente, ultrapassa em muito as fronteiras de Portugal que, infelizmente, não tem capacidade para reter os seus recursos mais qualificados. A empregabilidade dos nossos alunos é um objetivo fundamental para nós e iremos ainda este mês instalar um gabinete de gestão de carreiras.

 

Temos de ter consciência que o campeonato nacional de instituições de ensino superior tende a acabar! As boas escolas serão internacionais, preocupadas com o reconhecimento da sua qualidade, através de certificações internacionais, dos seus processos de investigação, ensino, avaliação e empregabilidade. Outras escolas, de âmbito essencialmente "regional", irão coexistir, centradas fundamentalmente na transmissão de conhecimentos, sem aspirações de projeção internacional.

 

As tecnologias de informação e comunicação, que já tiveram um impacto muito significativo na investigação (pelo rápido acesso a artigos, constituição de redes e trabalho colaborativo), irão também alterar o processo de ensino, principalmente no 1º ciclo, que praticamente não mudou nos últimos 50 anos. O quadro de ardósia foi substituído pelo projetor, mas pouco mais se alterou.

 

O potencial das tecnologias de informação e comunicação existentes é muito superior à sua utilização corrente, no ensino superior. Prevejo que a futura sala de aulas seja fundamentalmente virtual, interativa, com recurso a conteúdos multimédia, muitos dos quais irão estar gratuitamente disponíveis na internet (na verdade, já acontece). Os interfaces irão ser extraordinariamente user-friendly, o formato digital, em texto mas também em vídeo, irá prevalecer. O papel será encontrado apenas em alguns espaços, menos nobres, dos edifícios.

 

O ISEG tem de adaptar-se a esta nova realidade, com utilização mais intensiva de tecnologias no processo de ensino e olhar para as oportunidades do mercado global. As nossas fronteiras também não deverão estar delimitadas entre a Lapa e a Madragoa. É fundamental ter ambição e olharmos para além do horizonte da linha do Estoril.

 

A história do ISEG não permite outra alternativa. O ISEG tem de afirmar-se como uma escola de prestígio internacional, pois só assim poderá melhorar a sua reputação em Portugal.

 

A internacionalização irá implicar cursos de qualidade em língua inglesa mas também em português, Não devemos esquecer o papel importante que Portugal, e o ISEG em particular, devem assumir na colaboração com os países de Língua Oficial Portuguesa. É importante que o ISEG mantenha a sua identidade e o ensino em língua portuguesa. A maioria dos cursos do ISEG serão, naturalmente, em português.

 

Este não é um projeto fácil, nem imediato, mas será progressivamente concretizado. Nas minhas aulas de reengenharia, eu tenho o cuidado de explicar aos alunos que qualquer projeto de reengenharia, ou seja, de mudança radical de processos organizacionais, é um projeto de alto risco, e não é uma solução para todos os casos. Este não será um projeto de reengenharia, mas será um projeto de sucesso.

 

Estamos a construir dois novos auditórios e uma sala de aulas, que deverão estar concluídos em Outubro de 2015 e iremos iniciar, no próximo Verão, a construção do novo edifício para apoio aos centros de investigação e empreendedorismo, cuja obra deverá estar concluída em 2016. Também está nos nossos objetivos uma residência de estudantes e um maior envolvimento no Complexo Desportivo da Lapa, que já está ser utilizado, desde o mês passado, pelos nossos alunos.

 

Este ano, oferecemos mais 50 bolsas para novos alunos da licenciatura. Iremos, muito em breve, reajustar e melhorar os processos administrativos e também procurar implementar mecanismos de motivação, num contexto que não é fácil, como todos sabemos. Os salários têm vindo a diminuir e, apesar dos resultados financeiros favoráveis, a realização de contratações e concursos está fortemente condicionada pela massa salarial, que não pode aumentar. Neste âmbito, contamos com a imprescindível colaboração do nosso Reitor, a quem quero agradecer publicamente o excelente trabalho realizado na liderança da Universidade de Lisboa, e a disponibilidade e o apoio que tem manifestado ao ISEG.

 

A criação da Universidade de Lisboa foi um marco importante para todos nós, pela projeção e dimensão que inevitavelmente tem, e poderá ajudar a alavancar a estratégia do ISEG. Estamos também convictos que podemos dar um contributo importante para a projeção e prestígio da Universidade de Lisboa, atendendo às nossas competências e ao papel relevante que a economia e a gestão têm na sociedade em geral.

 

O ISEG é uma escola de excelência, com um enorme potencial ainda por explorar, e integrada numa Universidade de projeção internacional. Vamos cumprir a nossa missão, e prestigiar o nome desta instituição e a memória de todos aqueles que, no passado, contribuíram para o sucesso e prestígio do ISEG.

 

Estamos a começar uma nova etapa e é fundamental o empenho de, literalmente, todos: docentes, funcionários não docentes, alunos e ex-alunos, para a concretização deste projeto. A tarefa não será fácil, mas a internacionalização e a modernização do ISEG é um desafio aliciante, e os resultados irão certamente compensar, individual e coletivamente.

 

 

O ISEG conta com todos Nós.

Muito obrigado.

 

 

Lisboa, 10 de Novembro de 2014

 

Mário Maciel Caldeira

Presidente do ISEG