Aluno: Maria Miranda Ribeiro Dias
Resumo
A síndrome de burnout, acrescentada no quadro de doenças da Organização Mundial de Saúde, tem sido alvo de vários estudos nos últimos tempos, pois a constante pressão e a competitividade vivenciadas no trabalho e no ambiente académico têm levado os indivíduos a colapsos mentais e psicológicos. As exigências do meio profissional e académico contribuem para a exaustão e, consequentemente, ao burnout, que acaba por ser uma reação ao stress.
O contexto da pandemia de Covid-19, decretada pela Organização Mundial de Saúde, no início de 2020, ocasionou uma série de restrições e obrigações à população mundial, tais como, restrições de acesso a estabelecimentos, a aplicação do teletrabalho e o encerramento das instituições de ensino. Esta conjuntura teve um impacto psicológico elevado sobre a população em geral, gerando sintomas de stress, depressão e ansiedade. As medidas de isolamento social, a dificuldade de adaptação ao ambiente doméstico, as incertezas relacionadas ao futuro, entre outros aspetos, repercutiram de forma negativa sobre os estudantes académicos. A necessidade de estarem constantemente conectados à internet, além da sensação de não serem produtivos nas tarefas, o uso ininterrupto de ecrãs e a exaustão física e mental contribuíram para o burnout digital. O burnout digital está relacionado com o uso excessivo dos dispositivos digitais, que geram repercussões no estado físico e mental dos indivíduos.
Neste estudo foi desenvolvido e testado um modelo onde as principais variáveis que antecedem o burnout digital são a satisfação ou frustração das necessidades psicológicas básicas, a vida social no campus universitário, a dependência de internet, a literacia digital e a resiliência digital. O presente estudo tem como objetivo analisar os antecedentes do burnout digital em alunos do ensino superior no contexto pós isolamento social e ensino à distância. Para este efeito, foi realizada uma investigação quantitativa através da aplicação de um questionário a alunos do ensino superior, da licenciatura ao doutoramento. O questionário foi aplicado entre março e maio de 2022, nas modalidades online e presencial, tendo sido obtidas 148 respostas válidas. As principais conclusões do estudo indicam que os alunos, em média, estão satisfeitos com a vida no campus universitário após os períodos de confinamento e aulas à distância. Ademais, estes possuem elevada literacia digital, provavelmente melhorada após as exigências das aulas online. Já os índices de dependência de internet, resiliência digital e burnout digital encontram-se abaixo do ponto médio. Foi ainda possível constatar que os alunos possuem níveis razoáveis de satisfação das necessidades psicológicas básicas (autonomia, relacionamento e competência).
Trabalho final de Mestrado