O desajustamento estrutural: casos da Costa do Marfim e do Senegal

Vistos como uma necessidade para correcções de desequilíbrios macro e microeconómicos, os programas de ajustamento estrutural definiram o pacote de políticas públicas, na esfera económica e financeira, a ser aplicada pela generalidade dos países na década de 1980. Tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento passaram por programas deste tipo, no entanto, e apesar de ser possível traçar um paralelo entre as ideias gerais dos programas, o grau das consequências foi diferente entre países. Numa altura marcada por algumas crises, o ambiente externo aliado ao carácter restritivo das políticas de ajustamento revelou-se crítico para algumas economias mais carenciadas. O trabalho está dividido em três partes, sendo a primeira dedicada à uma questão mais teórica do ajustamento, e as outras duas para o dois estudos de caso. Direccionados para uma abertura de mercado e altamente restritivos quanto à actuação do Estado, tentei analisar alguns dos programas desenhados para dois países da África Ocidental, assim como as suas consequências tanto a nível económico como social. Através da análise de textos, documentos e outros trabalhos, foi possível entender como foram as economias dos dois países afectadas e quais as consequências sociais devastadoras que tiveram - ainda mais junto das classes baixas. É precisamente isso que busco, demonstrar que a economia não é algo unidimensional, que a esfera social é demasiado importante para ser descartada e deve ser tida em conta em primeiro lugar quando se desenha qualquer plano ou política pública.