Aluno: David Leite Das Neves
Resumo
No primeiro trimestre de 2011, o Inquérito ao Emprego Português foi amplamente redesenhado, alterando-se substancialmente a metodologia de recolha de dados, bem como os conceitos estatísticos de emprego, desemprego e inactividade. Desde então, os fluxos entre estados do mercado de trabalho tornaram-se substancialmente elevados, considerando o seu padrão histórico. O presente estudo descreve as alterações conceptuais que advieram do redesenho do inquérito e pretende analisar as suas implicações nos fluxos. Paralelamente, é feito um estudo sistemático sobre os fluxos do mercado de trabalho em Portugal durante o período de 1999 a 2012. São usados métodos de regressão descontínua para investigar os efeitos das alterações ao inquérito nas séries dos fluxos, controlando as suas flutuações cíclicas e sazonais. Os resultados sugerem que o aumento brusco dos fluxos é fundamentalmente devido ao redesenho do Inquérito ao Emprego, não obstante do comportamento contracíclico de algumas séries. Adicionalmente, existe evidência que os fluxos do emprego temporário, dos inactivos que querem um emprego e dos indivíduos de idade superior e menor escolaridade, foram particularmente atingidos pelas alterações metodológicas. Posteriormente, são usados métodos seccionais e longitudinais para quantificar o efeito do redesenho na probabilidade de transitar do emprego para o não-emprego. Os resultados sugerem que sob o novo inquérito a probabilidade de se registarem transições para o não-emprego é superior, comparativamente com o anterior método. Contudo, tal parece resultar mais das consideráveis alterações metodológicas, do que de alterações na composição da amostra do novo inquérito que favoreçam a observação de transições do emprego para o não-emprego.
Trabalho final de Mestrado