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A reação do Brasil à crise económica de 2008

Aluno: Bruno Bravo Foroni


Resumo
As reações à crise económica e financeira de 2008 na União Europeia e no Brasil foram diferentes, e este último país conseguiu sair praticamente imune da crise recessiva, alcançando elevados níveis de crescimento a partir de 2010. Muito embora o país sul-americano tenha vivido seguidos anos de baixo crescimento e recessão a partir de 2014, alimentados por sucessivas crises políticas, o país sul-americano soube, através de políticas contracíclicas, exibir taxas robustas de crescimento económico a partir de 2009, enquanto países da zona euro, em especial os do sul do continente europeu, adotaram políticas de austeridade como contrapartida aos resgates financeiros recebidos e viveram anos de recessão aguda e de alto desemprego. O sucesso brasileiro ao evitar o pior da crise de 2008 deveu-se principalmente ao fato de o país ter pleno domínio da sua política económica e monetária, ao contrário dos países da zona euro. No país sul-americano, a política económica e monetária é ditada pelo CMN, composta pelo ministro da Economia, pelo presidente do BCB e pelo secretário especial de Fazenda, e executada pelo BCB. Além disso, a saída rápida da crise de 2008 do Brasil foi facilitada em muito pela célere adoção de políticas contracíclicas a partir de 2008, que compreenderam taxas mais baixas de juros, corte de alíquotas de impostos para incentivar o consumo, transferências diretas de rendimentos aos mais pobres, expansão do crédito popular e estímulo ao setor de construção civil. Ao contrário do caso brasileiro, a presença de uma União Económica e Monetária europeia fez com que os países membros da zona euro abdicassem do pleno controlo de suas decisões económicas, já que elas cabem ao Eurossistema, composto pelo BCE com a assistência dos bancos centrais dos dezanove membros da zona euro. Já que o Artigo 127 do TFUE diz que o objetivo primordial do Eurossistema é salvaguardar a estabilidade de preços, a adoção de políticas contracíclicas para conter recessões isoladas em países membros fica claramente prejudicada, como ocorreu a partir de 2008 em países como a Grécia e Portugal causando inúmeros danos à economia.


Trabalho final de Mestrado