Aluno: Domingos Guerreiro Seward
Resumo
O presente artigo fornece um estudo extensivo da heterogeneidade no mercado de trabalho português. Utilizam-se microdados referentes ao Inquérito ao Emprego cobrindo um ciclo económico completo, desde 1998:1 a 2018:1, para avaliar a ligação ao mercado de trabalho de vários estados de trabalho e analisam-se as alocações mais apropriadas de indivíduos entre estados. Simultaneamente, avalia-se a adequação dos critérios de classificação de desemprego convencionais.
É adoptada uma classificação de estados de mercado de trabalho com base na evidência das transições entre estados. Para o efeito, aplicam-se modelos multinomiais e binários logit para os determinantes das transições, com vista a testar a equivalência entre grupos de não-emprego.
Conclui-se que o mercado de trabalho português é caracterizado pela existência de considerável heterogeneidade, tanto entre como dentro dos convencionais estados de não-emprego. Em particular, a evidência aponta para que o grupo de indivíduos em inactividade que expressam desejo em trabalhar constitui um estado distinto no mercado de trabalho, exibindo um comportamento de transição mais próximo do desemprego do que do grupo de indivíduos em inactividade que não expressa desejo em trabalhar. Os resultados também indicam que a classificação enquanto inactivos de indivíduos que pretendem emprego mas que não procuram por razões de espera, os indivíduos em inactividade que procuram trabalho e os indivíduos que têm um emprego para iniciar daí a mais de três meses pode não ser a mais adequada, considerando que estes exibem substancial ligação ao mercado de trabalho e se rejeita a sua equivalência para com os seus pares.
Trabalho final de Mestrado