O IMPACTO DA PANDEMIA NO EMPREGO JOVEM

O impacto da covid-19 no mercado de trabalho jovem tem vindo a ser alvo de bastante investigação sendo que esta tem tido mais em foco o aumento tanto do desemprego como da dificuldade da transição escola-trabalho. Este trabalho irá diferencia-se dos estudos existentes porque incide sobre os processos de transição do mesmo trabalhador nesse período. Através da utilização dos microdados dos Quadros de Pessoal de 2019 e 2020, será analisada a situação dos trabalhadores presentes nas duas bases de dados relativamente: (1) à situação dos jovens que em 2019 detinham um contrato precário de forma a perceber o que lhes aconteceu em 2020 e que variáveis influenciaram a transição para um contrato efetivo; (2) aos salários dos jovens em comparação com outros grupos etários e como este evoluiu tendo em conta o nível de habilitação; (3) ao impacto da pandemia na adoção do teletrabalho. Os resultados evidenciam que neste período os jovens precários foram particularmente afetados, sendo que entre os que se mantiveram a trabalhar, 22% passou a efetivo. Em relação ao salário, assistiu-se a um aumento, no entanto, a disparidade salarial entre os jovens e os restantes grupos permaneceu. Analisando como esta evolução ocorreu, tendo em conta os níveis habilitacionais no grupo dos jovens adultos, identificou-se que o aumento foi estatisticamente diferente entre vários níveis. Com base em dados em painel com informação para o mesmo trabalhador nos dois anos, foram analisadas as respetivas matrizes de transição. Foi ainda construído um modelo probit tendo como variável dependente a passagem de um contrato precário para efetivos sendo que as mulheres, os trabalhadores com curso superior, e os que mudaram de profissão e/ou de empresa tiveram maiores probabilidades de passar a efetivo. A análise do teletrabalho enfrentou limitações dado os registos dos QP não contemplarem todas as situações de teletrabalho.