Aluno: Maria Tereza Alberton Dallalana
Resumo
A Teoria do Capital Humano tem contribuído para progressos no conhecimento econômico em
múltiplos domínios, destacando-se a economia do trabalho e a economia da educação. Contudo,
não existe consenso entre os economistas sobre a melhor forma de medir o capital humano, sendo
diversas as medidas até agora construídas. Dentre essas medidas destaca-se o Human Capital Index
(HCI) [Índice de Capital Humano HCI] construído e divulgado para dezenas de países desde 2018
pelo Banco Mundial. Apesar do interesse em conhecer o HCI a nível agregado, por país, é também
reconhecida a necessidade de conhecer melhor o capital humano, por meio da desagregação da
medida por exemplo por género, níveis de rendimento ou regiões subnacionais. É nesta última
perspetiva que se insere o valor acrescentado desta investigação.
Para o caso da desagregação das medidas de capital humano por regiões, onde as análises empíricas
são pouco frequentes, as investigações confrontam-se com dificuldades na aplicação das medidas
de capital humano quer a nível de disponibilidade de fontes de informação quer a nível
metodológico. Aplicando e adaptando o Human Capital Index (HCI) este estudo pretende
contribuir para um melhor conhecimento do capital humano nas regiões em Portugal (23 regiões
de Portugal Continental) analisando três anos (2015, 2018 e 2020) e usando informação de diversas
fontes: DGEEC (2023), INE (2023 c, d & e) e OCDE (2015b, 2016, 2018, 2019).
A construção do Índice de Capital Humano Regional (HCI_R), seguindo a metodologia do Banco
Mundial apresentada por Kraay (2018) baseia-se na medida do capital humano que uma criança
nascida no presente pode esperar atingir quando entrar no mercado de trabalho (18 anos por
hipótese) levando em consideração aspetos relacionados com a saúde e a educação que existem na
região em que vive. Consequentemente, o índice é composto por três componentes: educação
(quantidade e qualidade), saúde e sobrevivência.
Os resultados obtidos que são influenciados em particular por um dos componentes, a educação,
mostraram uma heterogeneidade entre as regiões portuguesas e poderão contribuir para detetar as
regiões com mais necessidade de investimento em educação e saúde, otimizando assim os esforços
das autoridades locais e nacionais. São ainda apresentadas e justificadas empiricamente
alternativas à construção de alguns componentes do índice relativamente à taxa de rentabilidade
da educação e feita a discussão da importância de incorporar a mobilidade do capital humano entre
regiões nas diferentes fases de construção do capital humano, nomeadamente quando da entrada
no mercado de trabalho.
O índice calculado possui várias limitações. A influência desproporcionada da componente
educação no valor final do índice, pode originar um viés na interpretação, uma vez que o capital
humano não está apenas ligado com a educação formal, mas deve incluir outros fatores tais como
educação informal, saúde física e mental e valores do indivíduo. Também os resultados mostram
que regiões com baixos níveis socioeconômicos, apresentaram bons resultados no quesito
qualidade da educação, o que chama a atenção para a existência de fatores não inclusos no índice
que influenciam a criação de capital humano (e.g. os determinantes do sucesso escolar).
Trabalho final de Mestrado