Factores associados à mortalidade por cancro nas mulheres

Vivemos atualmente os melhores tempos no que respeita à investigação e desenvolvimento na área da saúde, com o progresso tecnológico a permitir avanços significativos ao nível de diagnósticos, prevenção e tratamento. Por sua vez, também os hábitos e as condições de vida das populações se alteraram, trazendo preocupações que antes não existiam, nomeadamente ao nível do tipo de doenças que afetam os indivíduos. As doenças não-transmissíveis passaram a ter uma significância muito maior face às restantes: o cancro e as doenças cardiovasculares eram a principal causa de morte prematura nas mulheres em 2019 em mais de 130 países. As projeções para o futuro mostram-se pouco animadoras e apontam para um aumento de 60% da mortalidade por doenças oncológicas nas mulheres, com principal gravidade nos países com baixos rendimentos. O que se tem observado é que não são apenas variáveis biológicas que podem afetar estes resultados. Vários têm sido os académicos que têm alertado para a necessidade de uma maior reflexão sobre as variáveis sociais, culturais, económicas e demográficas que afetam a saúde dos indivíduos e que poderiam ser evitadas. Desta forma, o principal objetivo deste trabalho passa por identificar quais as variáveis que estão associadas à mortalidade por cancro do colo do útero em duas regiões do mundo e comparar os resultados. Recorreu-se, por isso, a várias bases de dados, como sejam da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização das Nações Unidas (ONU), do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), do Global Data Lab, do Our World in Data, do Banco Mundial e da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), para estimar um modelo linear de painel de dados. O número de anos de escolaridade das mulheres e as desigualdades de sexo foram as principais variáveis encontradas neste estudo para explicar a mortalidade por cancro do colo do útero na União Europeia e no Médio Oriente e Norte de África. Pretende-se que este trabalho de investigação permita o alargamento dos conhecimentos nesta temática e contribua para compreender e analisar os fatores associados àquela taxa de mortalidade nas mulheres; este trabalho permitirá também dar um contributo para a definição de linhas globais e planos de intervenção que visem contribuir para uma melhoria dos resultados em saúde das mulheres.