Como resolver a armadilha do rendimento médio: a Coreia do Sul um Modelo para Portugal".

A armadilha de rendimento médio constitui um sério entrave à evolução das economias do baixo para o elevado rendimento, podendo afectar todo o sistema económico ou só um sector, como no caso português a indústria. A Coreia do Sul, depois da Guerra com a Coreia do Norte, era considerada um caso perdido sem perspectivas de crescimento económico e dependente da ajuda externa. Mas graças ao forte investimento na industrialização do país apoiada em outras variáveis, a Coreia depressa se tornou uma das grandes potências mundiais. Segundo a teoria económica, dessas variáveis de apoio à industrialização e que permitem ultrapassar a armadilha de rendimento médio, as quatro principais são: recursos humanos, logística e infra-estruturas, indústrias de suporte e políticas industriais. Analisando a história da Coreia do Sul é possível concluir que este país é um bom exemplo em todas estas variáveis: com políticas fortemente interventivas o governo dotou o país com indústrias de suporte e infra-estruturas de qualidade que, aliados aos recursos humanos fortemente qualificados e aptos à realidade empresarial, conseguiram atrair empresas e manter a indústria coreana muito competitiva. Portugal possui problemas sobretudo a nível de produtividade, que cresce abaixo dos custos unitários de trabalho, da insuficiência de indústrias de suporte e quase inexistência de clusters industriais e a carência de políticas industriais mais pró-activas e eficientes. Apesar das melhorias verificadas nas últimas décadas, Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer. Mesmo com as diferenças históricas, culturais e sociais, Portugal poderia aprender muito com a experiência coreana.