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SELETIVIDADE, EXCLUSÃO E INADIMPLÊNCIA NO PRONAF: AS DISFUNÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR DO BRASIL SOB PERSPETIVA ECONÓMICA

Aluno: Nahissa Harumi Seino Andrade


Resumo
Grande parte das críticas ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), uma política pública de crédito subsidiado do Brasil, ressalta as seguintes disfunções: favorecimento dos produtores rurais mais capitalizados, exclusão dos mais pobres e tendência à inadimplência. A literatura explora os determinantes empíricos dessas disfunções, mas lança pouca luz sobre possíveis determinantes económicos relacionados com o funcionamento dos mercados de crédito rural sob intervenção do Estado. Esta dissertação analisa os determinantes empíricos das disfunções do Pronaf à luz da literatura económica sobre assimetria da informação, custos de transação e problemas de agência. A análise indica que tais disfunções resultam das estratégias de intervenção do Estado – subsídios, assunção do risco de crédito e renegociação de dívidas –, que afetam os incentivos dos agentes (credores e tomadores), distorcem a função alocativa da taxa de juro e reforçam as falhas de mercado. Conclui-se que as disfunções do Pronaf são intrínsecas ao crédito subsidiado, um instrumento que, a despeito do seu propósito distributivo, tende a ser regressivo, excludente e oneroso, além de pouco eficaz na redução da pobreza rural quando restrições estruturais bloqueiam a capacidade produtiva dos indivíduos. As sugestões finais contemplam duas vertentes: o aprimoramento do Pronaf, por meio da mitigação de suas disfunções; e a inflexão do programa, mediante o redireccionamento de parte dos recursos para ações focalizadas, tais como transferências não reembolsáveis associadas à oferta de assistência técnica e ao acompanhamento social das famílias rurais em situação de pobreza.


Trabalho final de Mestrado