A renegociação das PPP e Concessões no setor das águas

Desde o início da década de 90 cerca de quatro dezenas de municípios portugueses optaram por concessionar a gestão dos serviços públicos de abastecimento de água e/ou de saneamento de águas residuais a operadores privados, que são hoje responsáveis por servir cerca de ¼ da população portuguesa. O desenho das concessões, que pode constituir uma modalidade de parceria público-privada, pretende incentivar os operadores privados a maximizar a sua eficiência e criar value for money. Apesar de as renegociações destes contratos serem inevitáveis, por se tratar de contratos de longo prazo e, por natureza incompletos, a observação da frequência com que ocorrem, num ambiente que já não é concorrencial, suscita preocupações quanto à sua legitimidade e benefício para a sociedade. O presente trabalho final de mestrado pretende avaliar até que ponto o quadro conceptual e empírico identificado pela literatura é transponível para o sector das concessões de serviços de águas em Portugal. A investigação realizada procurou identificar as razões que levam as partes a renegociar, os contornos que assumem as renegociações e os respetivos determinantes, sejam eles associados às características do próprio contrato ou resultantes de fatores externos, como o contexto económico ou político. Para responder a estas questões foi construída uma base de dados relativa ao universo de 31 contratos de concessão municipais no período compreendido entre 1995 e 2015. Da análise descritiva e econométrica destes dados, parece ser possível concluir por uma influência mais evidente da dimensão da concessão e do contexto politico e institucional na ocorrência de renegociações.