O TRABALHO REMOTO EM PORTUGAL: EPISÓDIO CIRCUNSTANCIAL OU MODELO DO FUTURO?

O ano de 2020 ficou marcado pelo início da pandemia Covid-19. As necessidades emergentes do fenómeno reproduziram transformações por todo o mundo, com implicações diretas no mercado de trabalho. O trabalho remoto permitiu dar continuidade ao negócio de muitas organizações, tornando-se por isso numa resposta iminente. A presente investigação teve como objetivo analisar aquilo que foi a experiência de trabalho remoto durante a pandemia Covid-19, para as organizações e para as pessoas, de modo a compreender de que forma esta protagonizará impactos no futuro do trabalho. Seguindo uma metodologia quantitativa, exploratória - aplicada à dimensão organizacional e individual - e confirmatória descritiva - ao nível das pessoas, para identificar grupos de interesse -, foi realizado benchmark entre maio e junho de 2020, reunindo uma amostra de 102 organizações, e um questionário entre outubro e novembro de 2020, com um total de 1341 pessoas inquiridas. Os resultados sugerem uma reorganização às formas tradicionais de trabalho. O trabalho remoto abrangeu uma parte importante de ambas as amostras, tendo sido identificadas vantagens como o equilíbrio trabalho-família, maior eficiência de tempo a nível individual, e redução de custos a nível organizacional. Para muitas organizações, o trabalho remoto será parte do modelo de trabalho do futuro, um interesse partilhado pela maioria das pessoas, com destaque para as camadas mais jovens e os níveis profissionais mais qualificados. Mais do que desejar seguir com o trabalho remoto, há uma procura crescente pelo modelo híbrido, que combine o melhor dos dois mundos - presencial e remoto.