Aluno: InÊs Delgado Caseiro
Resumo
As consequências de uma inflação alta na vida das famílias são inevitavelmente negativas. Contudo, a sua intensidade irá variar consoante diversos fatores e condições. Em Portugal, numa situação económica caracterizada por uma inflação crescente, existem vários contextos familiares.
O objetivo deste estudo é segmentar e caracterizar os agregados domésticos privados em Portugal, dado um panorama de inflação. Para tal, foi aplicado um questionário em junho de 2023 com a finalidade de recolher informações sobre a disponibilidade financeira, o comportamento de consumo e de poupança e as expetativas dos inquiridos, num período onde a subida generalizada dos preços já era sentida desde 2022. O questionário foi aplicado a uma amostra constituída por 1776 agregados portugueses, e as respostas serviram de variáveis para a aplicação da análise de grupos.
Na análise de grupos, para definir as similaridades entre os agregados foi utilizada a distância de Gower, uma vez que as variáveis resultantes do questionário são categóricas. Foram testados sete métodos aglomerativos dentro do agrupamento hierárquico, tendo-se concluído que o método de Ward apresenta os melhores resultados, e que o número de grupos mais apropriado é cinco.
Para a caracterização dos grupos foram também conjugadas informações relativas ao perfil demográfico e geográfico, bem como, sobre o consumo dos agregados. Concluiu-se que existem claramente duas situações distintas entre os agregados, 41% está menos impactado, e numa situação financeira relativamente mais favorecida, e os restantes, 59%, evidentemente mais afetados pela inflação, e por isso numa condição mais adversa. Para além da situação financeira geral dos agregados, estes grupos diferenciam-se pelo tipo de restrições orçamentais que os agregados irão adotar, pelas preocupações que demonstram para os próximos meses, e também pelo tipo de perfil de agregado que mais se destaca em cada grupo.
Trabalho final de Mestrado