Se acha que a solução mais segura para o seu dinheiro é guardá-lo debaixo do colchão ou em depósitos a prazo, a reportagem desta semana do Contas-poupança explica-lhe um conceito que todos os portugueses deviam conhecer ainda na escola: os juros compostos. Pode fazer uma diferença gigantesca na sua carteira. Como ganhar mais dinheiro com o mesmo esforço Usar os juros compostos (ou a capitalização de juros, que é a mesma coisa) é uma forma de multiplicar várias vezes o seu dinheiro, com o menor esforço possível. Veja como o tempo pode ser o melhor aliado das suas poupanças. Imagine que planta uma árvore. No primeiro ano ela é pequena e dá 10 frutos. No segundo ano ela cresce mais e dá mais frutos. Desses frutos, usa as sementes para semear novas árvores, que por sua vez também crescem e dão novos frutos até ter um grande pomar que não para de crescer. Pode parecer estranho, mas também pode fazer multiplicar o seu dinheiro usando a mesma fórmula. Este conceito chama-se juros compostos: o dinheiro que ganhamos nos juros pode ser gasto ou… podemos semeá-lo para gerar ainda mais dinheiro ao longo do tempo. É a melhor forma de pôr o seu dinheiro a trabalhar para si. Um desperdício de dinheiro Por falta de literacia financeira, uma grande parte dos portugueses faz depósitos a prazo e, ao fim do ano, recebe os juros na conta à ordem. O que acontece é que acabam quase sempre por gastar esses juros em vez de os reinvestirem no mesmo depósito ou em outro tipo de investimentos mais rentáveis. É uma questão de escolha: ou consome ou investe novamente, somando à poupança anterior. Os portugueses desperdiçam milhões de euros todos os anos simplesmente por ter milhares de euros nas contas à ordem a render zero ou pouco mais do que isso. E nem os depósitos a prazo escapam. Mantendo sempre o mesmo valor a render, está a perder dinheiro para a inflação. LEIA MAIS: Como funcionam os juros compostos Imagine que tem 10 mil euros numa poupança. Passado 1 ano, recebe na sua conta à ordem 250 euros de juros e volta tudo ao princípio. O segredo dos juros compostos é pegar nesses juros e fazer um novo depósito, mas juntando os 250 euros que recebeu entretanto. Ou seja, o depósito inicial no ano seguinte deveria ser de 10.250 euros ou mais, se tiver essa possibilidade. Caso contrário, o seu dinheiro nunca crescerá a sério. Mas há um problema. É que para ver grandes resultados vai ter de ter muita paciência. Só começa a ver resultados após os primeiros 10 anos. Depois acontece o “milagre” dos juros compostos: o seu dinheiro começa a “explodir”. Os valores que pode atingir com esta estratégia podem ser surpreendentes. Usei uma das muitas calculadoras de juros compostos que pode encontrar na internet. Basta googlar. Se começar com 1.000 euros e reforçar mensalmente 50 euros num fundo PPR (que não tem capital garantido) que renda em média 6%, durante 40 anos (dos 25 anos aos 65), deverá esperar ter no final 110 mil euros. Mas só investiu do seu bolso 25 mil euros (1000+(50x12x40)). Se escolher, por exemplo, um ETF SP 500 que tem rendido em média 10% ao longo das últimas décadas, o resultado seria de quase 370 mil euros. Exatamente com o mesmo esforço de 50 euros por mês, O fabuloso efeito dos juros compostos É por isso que vos digo que devem criar e reforçar mensalmente um ou vários investimentos para os vossos filhos assim que eles nascem. Assim, quando chegam aos 20 anos já terão o resultado que teriam aos 40 se começassem aos 20. Com 50 euros por mês, começando assim que nasce, num ETF que renda 10% ao ano, chega teoricamente aos 60 anos com 2.374.760 euros. Sim, mais de 2 milhões de euros. Repito: com 50 euros por mês. Estão a ver como é importante a literacia financeira? Alguém disse (dizem que foi o Einstein, mas eu não consegui confirmar) que os juros compostos são a 8ª maravilha do mundo. Quando falamos de dinheiro, é mesmo verdade. É uma fórmula matemática difícil de compreender, mas quanto mais cedo começar a usá-los, mas depressa vai ver os efeitos na sua conta bancária. Só precisa de tempo e disciplina. Não é fácil, mas pode valer muito a pena. Pode ouvir aqui a entrevista completa Como funcionam os juros compostos? (Carlos Daniel Santos, Professor de Economia do ISEG) Pedro Andersson