Da política à cultura, do desporto à investigação, são talentos com provas dadas nas áreas de trabalho e casos sérios de sucesso, no presente e para o futuro. Eis 20 perfis para ficar a conhecer.
Porque o País está cheio de mentes brilhantes, inquietas e inovadoras, não conseguimos escolher só 20. Aqui ficam outros 20 nomes que não deve esquecer porque vai vê-los por aí, entre jornais e revistas, a darem as cartas que já prometem dar nas suas áreas de trabalho e interesse.
Estes são os 20 jovens mais promissores em Portugal
D.R.
Política e comentário
Ana Gabriela Cabilhas
27 anos, deputada do PSD
Figura escolhida pelo PSD para representar o partido na sessão solene dos 50 anos do 25 de abril, considerou a revolução “contínua e inacabada”
Paulo Duarte
“Combato as ideias feitas de que a juventude está apática, é desinteressada e não participa. Reclamo por espaço para as novas gerações.” Ana Gabriela Cabilhas tem feito o que apregoa no associativismo estudantil, mas agora alargou o seu palco ao parlamento.
É a segunda deputada mais jovem da bancada social-democrata e foi a escolhida do PSD para dar a cara pelo partido na sessão solene de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, onde falou sobre “uma revolução contínua e inacabada”, que “trouxe insatisfação, inquietação, a liberdade de ser, pensar e ambicionar mais e melhor”.
Nutricionista e mestre em Ciências do Consumo e Nutrição pela Universidade do Porto, Ana Gabriela Cabilhas nasceu no distrito de Aveiro, mas mudou-se para a Invicta para cumprir o ensino superior, altura em que liderou a Federação Académica do Porto. Foi membro do Conselho Nacional de Educação e faz parte do Conselho Estratégico Nacional do PSD.
Por Rita Rato Nunes
Miguel Costa Matos
29 anos, deputado do Partido Socialista
Miguel Costa Matos, que em breve fará 30 anos, não afasta a hipótese de, no futuro, assumir a pasta das Finanças num governo
Fernando Ferreira
É líder da JS e vice do grupo parlamentar do PS, mas foi a trabalhar com António Costa que ganhou um profundo conhecimento do poder executivo. Entre 2017 e 2019, foi adjunto económico do então primeiro-ministro, a quem escreveu discursos, preparou indicadores económicos e não só. “Ele discursa como quem conversa com as pessoas, é fantástico. E quando lhe dizíamos um número, ele fixava-o”, diz à SÁBADO.
Ao licenciar-se em Warwick, uma das melhores universidades da Europa, recebeu convites para gabinetes, mas Marcos Perestrello aconselhou-o a fazer o seu caminho. “Ele até ligava a quem me convidava e dizia: O Miguel não pode aceitar isso. ” Costa Matos acabou por concorrer à função pública.
Como deputado, é um dos pontas no esboço de políticas públicas. Como foi o caso da Lei de Bases do Clima. Ainda se lembra de estar no avião, a voltar de lua de mel, a segurar em folhas A3 para encontrar uma versão de consenso com outros partidos para o diploma. “Estava a voltar ao modo trabalho”, ri-se. Vai fazer 30 anos e sair da liderança da JS. O futuro? Dedicar-se à política económica. E um dia ser ministro das Finanças? “Seria uma coisa que eu gostava muito.”
Por Alexandre R. Malhado
Adriana Cardoso
24 anos, comendatora e analista política
Adriana Cardoso diz não ter “qualquer posicionamento partidário” e, por isso, enfrenta maior escrutínio
D.R.
Cofundadora da Próxima Geração, uma academia apartidária que pretende reforçar a participação dos jovens na democracia portuguesa, Adriana Cardoso formou-se em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e, atualmente, divide o seu tempo entre o comentário televisivo e o trabalho como gestora de acesso ao mercado de tecnologias na área da saúde.
Em 2021, começou a escrever sobre política para o Sapo, para o Público e para a Comunidade Cultura e Arte, além de ser uma das protagonistas do podcast Lei da Paridade. “Não havia muitas mulheres, nem pessoas jovens no comentário político e o podcast surge dessa necessidade,” explica à SÁBADO.
A analista política revela ainda que, desde que começou a expor a sua opinião, a sua vida mudou em vários aspetos. “Como sou independente, não tenho qualquer posicionamento partidário, só ideológico, o escrutínio é muito intenso. Sendo mulher, também recebo muitos comentários relativamente ao meu aspeto físico e machistas”, afirma. Apesar disso, garante que “proporcionalmente a resposta é positiva”. Vai começar, em breve, a dar aulas na área das políticas da saúde e está a escrever o seu primeiro livro.
Por Sofia Parissi
Gaspar Macedo
23 anos, comentador político
“Costumo dizer que não me interessei pela política, a política entrou pela minha casa adentro”
D.R.
A curiosidade e o fascínio pela política surgiram por volta dos 12 anos, devido à crise financeira que se vivia em Portugal. “Costumo dizer que não me interessei pela política, a política entrou pela minha casa adentro. Ouvia a minha família e os meus professores a falar e queria saber o que estava a passar em Portugal”, explica Gaspar Macedo à SÁBADO.
Foi a partir dessa altura que o jovem portuense se envolveu em grupos partidários e extrapartidários e em sessões de debate político na escola. No início de 2023, começou a publicar vídeos em redes sociais como o Instagram – onde atualmente junta mais de 149 mil seguidores – e foi convidado para participar em diversos podcasts.
Hoje, a três dias de completar 24 anos, é comentador político na CNN Portugal e revela que vai ingressar no curso de Ciências de Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em breve. Sobre a representação das gerações mais novas nos painéis de comentário político, afirma: “É importante dar um lugar à mesa aos jovens no debate em geral. Se não se identificarem com o que ouvem, não vão ter vontade de participar [na vida política].”
Por Sofia Parissi
Cultura
Gonçalo Peixoto
27 anos, designer de moda
Gonçalo Peixoto admite “não tomar nada como garantido” e atribui o sucesso da marca, entre outros, “a um forte trabalho de marketing”
Tiago Sousa Dias
Em miúdo, ir às compras com a mãe dava-lhe um gosto que ainda não sabia explicar. Depois vieram as revistas de moda, o olhar interessado e quase abstrato para peças de roupa, além de uma vontade que, aos 16, transformou em percurso.
Gonçalo Peixoto, 27 anos, famalicense, designer de moda, tem uma marca homónima que fundou ainda enquanto estudante da Cenatex, em Guimarães. Não sabe desenhar e admite-o divertidamente. Era “miserável” nas aulas de costura, também, mas a determinação, “a fome” de provar a si próprio que podia ser melhor e o exemplo dos pais, empresários, levou-o a “não tomar nada como garantido”.
Focado na liberdade criativa da equipa, reconhece o erro como “essencial para crescer” e diz ter aprendido “a saber delegar e a ouvir os outros”. Integrou as fileiras da ModaLisboa, a quem agradece o impulso, mas diz que a chave do sucesso da marca é o forte trabalho de marketing antes de as peças chegarem. “Sou muito melhor empresário do que designer, e isso torna o negócio sério, deixa de ser o sonho.”
Por Tiago Neto
João Gonzalez
28 anos, Realizador
João Gonzalez foi o primeiro português a constar da lista de nomeados para o Óscar pela curta de animação Ice Merchants
Lauren Justice/Reuters
Com Ice Merchants, curta de animação de 2022, o portuense alcançou um pico precoce de carreira que fez avançar o Cinema Português como um todo: o filme sagrou-se a primeira produção nacional a ser nomeada para os Óscares e a vencer um prémio no festival de Cinema de Cannes, as mais elevadas de um conjunto de distinções que incluem ainda os festivais de Melbourne, Chicago, Valladolid e Vila do Conde.
Para Gonzalez, era a prova de que “o cinema autoral português de animação é uma coisa fortíssima”, disse, na altura, à SÁBADO. É o culminar, para já, de um percurso que sempre pareceu destinado ao sucesso: depois de completar o curso de Multimédia na ESMAD, estreou-se com The Voyager (2017), que lhe valeu uma bolsa da Gulbenkian para um mestrado na Royal College Art, no Reino Unido.
Nos seus filmes – além de Ice Merchants, Nestor (2019) e The Voyager (2017), todos curtas-metragens – acumula as funções de realizador, argumentista, animador e ainda, aproveitando a formação clássica em piano, compositor das bandas sonoras. Hoje, fá-lo a tempo inteiro como integrante do coletivo de animação COLA, baseado no Porto.
Por Pedro Henrique Miranda
Vicente Gil
23 anos, Ator
Vicente Gil conseguiu reconhecimento pelo papel na nova série de Morangos com Açúcar. O irmão, Salvador, seguiu pela vertente da realização
Ricardo Ruella
À mãe agradece o exemplo, a inspiração e a sensibilidade. Agradece também o percurso – afinal, há o palco a uni-los, numa relação familiar e artística que se estende também ao irmão gémeo e que começou cedo.
Teatro, dança, performances na rua – as memórias que o ligam às artes são profundas e levaram-no à Escola Superior de Teatro e Cinema. Do Norte guarda as raízes, a infância em Gaia e no Porto, os passeios junto ao Palácio de Cristal e as corridas para andar pendurado no elétrico na cidade que diz sempre ser casa.
Guarda também a identidade do sangue, orgulhosamente cigano, algo ao qual atribui “a forma de ver o mundo”, que o ajudou a ser “uma pessoa comunicativa, que gosta de criar relações”, mas que também o fez lidar de perto com o preconceito desde cedo.
A fórmula trar-lhe-ia força para superar e determinação para nunca esquecer a origem. Pragmático na relação com a exposição pública, Vicente Gil, 23 anos, prefere a simplicidade e o foco, mesmo que a participação na nova versão de Morangos com Açúcar o tenha transformado num dos rostos mais conhecidos do País.
Por Tiago Neto
Nenny
21 anos, Rapper
Portugal, França e Luxemburgo são coordenadas de vivências e influências para Nenny, um dos mais promissores talentos na nova fornada do hip-hop português
D.R.
Aos 17 anos, lançava o primeiro single, Sushi (2019), o tema com que se apresentou no mundo do hip-hop português e que a tornou uma figura conhecida do público, tendo ultrapassado as 16 milhões de visualizações no YouTube. O segundo single, batizado Bússola, foi apresentado meses depois e os números confirmaram o sucesso.
Filha de pais cabo-verdianos, Marlene Tavares, mais conhecida como Nenny, cresceu em Vialonga, Vila Franca de Xira, até aos 11 anos, tendo-se mudado depois para França, com a mãe e, mais tarde, para o Luxemburgo. No mesmo ano em que lançou a primeira música, pisou o palco do festival MEO Sudoeste, a convite dos membros da banda Wet Bad Gang, com quem convivia em Vialonga, por serem amigos do irmão e do primo.
Em 2020, Nenny apresentava o primeiro EP, Aura, que combina géneros musicais como pop, soul, R&B e hip-hop. Desse primeiro disco, com nove faixas originais, fazem parte temas como 21, +351 (call me) e Dona Maria – este último dedicado à mãe. Depois de um ano sem lançar músicas, a artista portuguesa apresentou, em novembro de 2023, o single Bossy Girl e informou os fãs que terá mais novidades em breve.
Por Sofia Parissi
Gaspar Varela
20 anos, Guitarrista
Os Expresso Transatlântico lançaram, em 2023, Ressaca Bailada. Faixas como “Bombália” ou “Barquinha”, ambos singles, evidenciam-lhe o trabalho na guitarra portuguesa
Miguel Marquês
A ancestralidade é um posto e se pensarmos que Gaspar Varela é bisneto de Celeste Rodrigues fica mais fácil explicar porque é toda a gente, no meio do fado, sabe há alguns anos que Gaspar Varela é um prodígio da guitarra portuguesa.
Fascinado pela guitarra de Coimbra, que usa com a afinação de Lisboa, tocou a acompanhar a bisavó (a quem se refere como avó, atenuando a diferença de 80 anos entre um e outro), pela primeira vez, com 7 anos, na Gala da Rádio Amália, incentivado pelo mestre, o guitarrista Paulo Parreira.
Em 2019, um ano depois de perder a bisavó, e após gravar o seu primeiro disco, de título homónimo, esgotou o auditório do CCB e conheceu Madonna, que então vivia em Lisboa. Começou a tocar em tertúlias com a artista e acabou a juntar-se a ela na digressão mundial Madame X. Tinha 16 anos.
De lá para cá deu concertos, tocou com Carminho e com Ana Moura e não parou de crescer. A banda Expresso Transatlântico (Gaspar Varela na guitarra portuguesa, viola e guitarra elétrica), Rafael Matos (bateria) e Sebastião Varela (guitarra elétrica) é o seu mais recente projeto.
Por Ângela Marques
Mafalda Creative
25 anos, Influencer
Mafalda Machado, ou seja, Mafalda Creative, conta atualmente com 433 mil seguidores no Instagram
Vítor Mota
Foi aos 13 anos que Mafalda Machado, mais conhecida por Mafalda Creative, começou a criar vídeos para o YouTube. Nessa altura dedicava o tempo livre à criação de sketches humorísticos, hoje faz disso o seu trabalho.
Sobre a inspiração para as personagens, conta à SÁBADO: “Gosto sempre de me inspirar em pessoas que conheço. Aliás, uma vez um professor de matemática pediu-me para fazer um vídeo a imitá-lo. Eu disse logo que sim.” Uma década depois, no canal no YouTube soma mais de 600 mil subscritores e o projeto migrou também para redes sociais como o Instagram e o TikTok, plataformas em que publica vídeos mais curtos.
Em 2019, Mafalda decidiu aventurar-se nas comédias musicais e lançou Rainha da Net, um vídeo que ultrapassou os três milhões de visualizações no YouTube e que acabou por se transformar no seu primeiro espetáculo ao vivo, apresentado em 2022.
À SÁBADO, explica que a passagem do ecrã para os espetáculos ao vivo não foi tarefa fácil. “Entre 2013 e 2021 falava para uma ecrã. Falar para o público é diferente, tenho mais ansiedade”, confessa. O segundo espetáculo, apelidado Despedida, foi apresentado no Coliseu, em Lisboa, a 2 de março, com o propósito de celebrar o seu 25.º aniversário.
Por Sofia Parissi
Madalena Almeida
26 anos, Atriz
Além do cinema de João Canijo (Viver Mal, Mal Viver), Madalena Almeida destacou-se também em projetos como Conta-me Como Foi (2019-2023) ou 3 mulheres (2022)
Bruno Colaço
Considera-se um “daqueles casos de sorte”, que admite serem raros. Há vários episódios que o comprovam. A começar pela sua estreia: um diretor de casting foi assistir ao seu projeto final, na Escola Profissional de Cascais, e chamou-a. Foi assim que conseguiu o primeiro trabalho, participar numa novela da TVI.
Outro exemplo: foi a atriz Rita Blanco, que já tinha trabalhado com ela em televisão, que a levou a fazer um casting para João Canijo. Em 2023, fez o filme Mal Viver e este agosto arranca com os ensaios para a nova película do realizador. Madalena Almeida começou a representar aos 18 – nunca quis ser outra coisa e foi a mãe que lhe alimentou o sonho – e não parou nos últimos oito anos.
Já fez televisão, teatro e cinema e até teve oportunidade de integrar uma banda rock fictícia – o projeto Jesus Quisto, que nasceu na série Pôr do Sol -, e dar concertos em sítios como o Coliseu dos Recreios ou o Nos Alive. Contudo considera que o palco é o sítio “onde se consegue expressar melhor”. Workaholic assumida, hoje tem duas companhias de teatro e aposta nelas o seu futuro.
Por Lucília Galho
Desporto
Gustavo Ribeiro
23 anos, Skater
Gustavo Ribeiro ocupa atualmente o terceiro lugar do ranking mundial de skate, a melhor posição nacional alguma vez alcançada
Luís Manuel Neves
Gustavo Ribeiro recebeu o primeiro skate aos 4 anos e aos 10 subiu ao pódio na primeira competição internacional amadora em que participou, com o irmão gémeo, Gabriel. Em 2019, concretizou o sonho e tornou-se profissional. “Sou fã do Cristiano Ronaldo e, como ele, acreditei que era possível”, diz à SÁBADO.
Há três anos mudou-se para Los Angeles, nos Estados Unidos da América, a meca do skate. Depois de superar uma lesão no ombro, tem apenas um objetivo nos Jogos Olímpicos de Paris (que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto): “O ouro!” “2024 é o ano em que definitivamente queria ver se conseguia ter uma medalha e ando a trabalhar ao máximo para isso, portanto vamos ver como é que correm estes últimos meses até aos Jogos”, afirmou à Lusa.
Por Susana Lúcio
António Morgado
20 anos, Ciclista
O ciclista de 20 anos conta com três vitórias no currículo: Volta ao Algarve (juventude), Giro della Romagna e 2.ª etapa da Vuelta a Asturias
Bruno Colaço
No livro Outliers, Malcolm Gladwell popularizou a ideia de que são necessárias 10 mil horas – ou 416 dias completos – de prática intensiva para alcançar o domínio de uma habilidade. A teoria, no entanto, deixa de parte fatores fundamentais inerentes ao sujeito como a determinação, o empenho, a competitividade ou, no limite, a vocação natural.
António Morgado é, por isso, um caso atípico, uma combinação de todos os fatores excluídos pelo autor, combinados numa fórmula que, se aos 20 anos parece promissora, em pouco tempo pode tornar-se um caso sério de sucesso, afinal, o precedente existe, e as horas pouco parecem importar quando a vontade domina.
Apelidado como “bigode voador”, deu-se a conhecer com um quinto lugar na Volta à Flandres, foi o mais novo em 80 anos a conseguir ficar nos primeiros cinco da prova, e obteve um 2.º lugar no Grande Prémio de Le Samyn. Não chega. “Segundo não é ganhar, é o primeiro dos derrotados.” Natural de Salir do Porto, Caldas da Rainha, integra os quadros da equipa da UAE-Emirates e quer deixar marca num desporto que, em Portugal, teve em Joaquim Agostinho a maior referência.
Por Tiago Neto
Investigação
Mariana Gomes
22 anos, Estudante de Direito
Sobre o processo que instaurou contra o Estado, diz: “vai abrir um grande precedente e discussão em Portugal sobre a responsabilidade do Estado português na proteção dos nossos direitos fundamentais”
Sérgio Lemos
É um dos principais rostos do Direito Ambiental no País – e só agora está a terminar a licenciatura. Aos 22 anos, através da sua associação Último Recurso, Mariana Gomes já deu apoio a mais de 500 ativistas pelo clima e processou recentemente o Estado por falhar na aplicação da Lei de Bases do Clima. “Vai abrir um grande precedente e discussão em Portugal sobre a responsabilidade do Estado português na proteção dos nossos direitos fundamentais”, afirmou à SÁBADO.
Nasceu em Matosinhos, mas cresceu (e estudou) pelo País fora. Em Braga, com 10 anos, a bibliotecária dava-lhe a chave para ficar a ler; em Guimarães, na secundária, organizou um protesto pelo clima e juntou dezenas de alunos. Houve uma imagem que a marcou nas aulas de Geografia: “A nossa professora mostrou-nos fotografias da sua viagem a Bali. A poluição, o plástico Foi um choque.”
Nutriu um fascínio pelo mundo judicial, onde lidou cedo com um juiz que a fez sentir-se “injustiçada”, e escolheu estudar Direito na Universidade de Lisboa – que se tornou a sua principal arma. Aconselha o Presidente no grupo de reflexão “O Futuro Já Começou”, criou as estruturas legais do Climáximo, mas agora está focada em desafiar o status quo com a sua própria associação.
Por Alexandre R. Malhado
Catarina Caria
26 anos, Empreendedora
Catarina Caria apresenta o podcast World Made Good e mantém colunas de opinião na SÁBADO e no Jornal de Negócios
Duarte Roriz
A licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa – durante a qual foi embaixadora da faculdade e passou pela Sciences Po, em Paris – serviu-lhe de plataforma intercontinental: entre este curso e o mestrado, que concluiu com distinção na Universidade Católica, em Lisboa, passou por organismos governamentais dos EUA, Reino Unido e Países Baixos e pelas Nações Unidas, trabalhando em áreas de comunicação, diplomacia, comércio internacional, desenvolvimento sustentável, paz e segurança.
Hoje, além de integrar o conselho consultivo da Confederação Empresarial de Portugal e do Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas, é gerente de programas no Instituto para a Economia e Paz, think-tank sediado em Bruxelas. No espaço mediático, apresenta o podcast World Made Good e mantém colunas de opinião na SÁBADO e no Jornal de Negócios.
Por Pedro Henrique Miranda
Mariana Esteves
28 anos, Economista
Mariana Esteves dedica-se à investigação das desigualdades de género no mercado de trabalho nacional
Morgane Vie
Nascida em Vila Nova de Gaia, licenciou-se em Economia pela Universidade do Porto antes de migrar para a Nova SBE, onde tirou o mestrado em Economia e Políticas Públicas e se mantém até hoje como doutoranda, investigando as desigualdades de género no mercado de trabalho nacional.
Como académica especializada em políticas públicas nesta instituição, foi uma das autoras do relatório Portugal, Balanço Social (2022), um metaestudo compreensivo que desenhou o retrato da pobreza e exclusão social no País. Desde janeiro de 2021, apresenta com Rui Maciel o podcast Mão Visível – que é agora publicado na SÁBADO, onde ambos têm uma coluna de opinião. O podcast explora a intersecção entre a Economia e temas da atualidade nas áreas da Política, Sociedade e Cultura.
Por Pedro Henrique Miranda
Miriam Sabjaly
25 anos, Jurista
Miriam Sabjaly é descendente de portugueses oriundos da Índia. Sentiu na pele a islamofobia mas fez do Direito uma arma de luta
D.R.
Mulher racializada e muçulmana. É assim que Miriam Sabjaly, descendente de portugueses oriundos da Índia, se apresenta e defende os direitos das minorias. Sentiu na pele islamofobia na Faculdade de Direito da Universidade Católica (onde se especializou em Direito de Imigração, Asilo e Nacionalidade) e a experiência levou-a a estagiar na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, onde ajudou imigrantes não documentados. “Tinha noção das barreiras da lei”, diz à SÁBADO.
“Mas é diferente quando se conhece as pessoas.” Aos 22 anos, foi assessora de Joacine Katar Moreira no parlamento e decidiu que não era por ali o seu caminho. Desencantada com os partidos, por aquilo que diz ser uma dissonância entre as preocupações de pessoas racializadas e que se inserem num grupo precário e aquilo que os partidos têm na sua agenda, como disse ao Expresso, acredita que “com o crescimento do populismo de extrema-direita, assente na hierarquização racial, na desumanização, no apelo à violência e na desinformação, urge rejeitar a conceção comum de que o ódio é uma atitude interna, sem consequências efetivas”, como disse ao Afrolink.
Está a concluir um mestrado do programa Erasmus sobre Direitos Humanos, na Suécia. Quer regressar. “O desfile do 25 de Abril foi muito esperançoso. É importante os jovens estarem presentes.”
Por Susana Lúcio
Rui Maciel
27 anos, Economista
O economista de 27 anos não afasta a hipótese de se envolver na política mas reforça que não estará “dependente de ninguém”
Miguel Baltazar
“Se algum dia aparecer na TV como comentador é porque falhei na vida: eu sou economista.” Rui Maciel responde assim quando lhe perguntamos se pensa na política, dado o seu percurso e a intervenção crescente sobre políticas públicas – tem desde 2021 o podcast Mão Visível com a economista Mariana Esteves.
O jovem que cresceu em Ermesinde não exclui envolver-se na política – a tendência é de esquerda -, mas vinca que nunca estará “dependente de ninguém”. O caminho eclético sugere essa autonomia do pensamento, como quando passou do mestrado em Economia na Nova SBE (no qual destaca a influência da economista Susana Peralta) para um mestrado em cinema e televisão na Nova FCSH.
A mistura reflete-se na carreira: passou pela comunicação do Banco de Portugal, fez trabalho técnico de economista na estrutura de missão para a Saúde no Ministério das Finanças (“saía das Finanças e vestia uma T-shirt para não ir às aulas de cinema de camisa”) e no Banco Central Europeu. Rui Maciel está a aprofundar em Barcelona o conhecimento da ciência de dados, sabe de comunicação e gosta de ter uma voz pública sobre economia e política. É provável que ouça falar mais dele no futuro.
Por Bruno Faria Lopes
Filipe B. Caires
29 anos, Economista
Filipe B. Caires recusa que o adjetivem como “genial” mas não nega ser “bom no que faz”
D.R.
Mais do que uma pessoa usa a palavra “genial” quando se refere a Filipe Caires, o que o deixa desconfortável. “É um abuso”, assegura o jovem investigador – que não nega ser “bom” no seu trabalho. Quem o conhece diz que o jovem de 29 (faz 30 esta sexta-feira, 10) tem o hábito de se desvalorizar, traço de personalidade que assume, embora garanta que está a tentar emendar-se.
O expatriado em Florença apaixonou-se pela Economia já no meio do caminho da vida académica, quando estava a tirar o mestrado. “Cheguei a pensar tirar Engenharia”, recorda, mas decidiu-se por Economia, fascinado pelo abismo de possibilidades e de dúvidas inerentes à ciência.
“Atrai-me o lado filosófico da Economia, pensar como seria o mundo se determinados agentes não tivessem tomado as decisões que tomaram, se tivessem seguido por outro caminho”, explica.
Está temporariamente em Paris a trabalhar com a OCDE num estudo sobre o mercado de trabalho, uma vertente mais “prática” em complemento à sua investigação – Microeconometria aplicada a políticas públicas. Gostava de regressar a Portugal, mas sem atalhar. “Não vou perder uma boa oportunidade na minha carreira só para voltar mais cedo para Portugal. Não tenho pressa.”
Por Diogo Barreto
Sara Aguiar
27 anos, Empreendedora
Formada em Ciência Política e Gestão, Sara Aguiar é fundadora do podcast Ponto Zero e chegou à gestão de marca e produto na Procter & Gamble, na Suíça
D.R.
Foi a levar uma vida ocupada nos domínios do empreendedorismo, marketing, diplomacia e inovação que chegou à gestão de marca e produto na Procter & Gamble, em Genebra, Suíça, onde emprega a inteligência artificial na otimização de modelos de negócio e marketing digital.
Depois da formação em Ciência Política e Gestão na Universidade Nova de Lisboa (durante o qual passou por Haia e Copenhaga), fundou a primeira empresa aos 21 anos, deu aulas no ISEG e na Católica e estagiou na Comissão Europeia antes de se dedicar à potenciação de startups – primeiro, na Fábrica de Startups, e logo como parte da Amazon Web Services.
Com Mafalda Rebordão, da Google, é cofundadora do podcast Ponto Zero, sobre mentoria de liderança no feminino, e coautora do livro de empreendedorismo O Acelerador de Carreiras, editado pela Contraponto.
Por Tiago Neto
Alexandre R. Malhado , Ângela Marques , Bruno Faria Lopes , Diogo Barreto , Lucília Galha , Pedro Henrique Miranda , Rita Rato Nunes , Sofia Parissi , Susana Lúcio , Tiago Neto , Vanda Marques
08 de maio