Universidades e politécnicos esgrimem o trunfo da empregabilidade
09-07-2023
Como é que a sua instituição olha para a saída profissional dos cursos? Como melhora a empregabilidade?
Paulo Águas
Reitor da Universidade do Algarve
A Universidade do Algarve (UAlg), e admito que as demais instituições de ensino superior, atribui grande importância às saídas profissionais dos seus diplomados. Desde logo, no desenvolvimento da oferta formativa, ou seja, no portfolio de cursos oferecidos. As saídas profissionais constituem um dos elementos caracterizadores dos ciclos de estudo, sendo alvo de ampla divulgação.
Desde 2018 que é oferecido o “Curso Competências para Vida” que promove competências para o desenvolvimento pessoal, o sucesso académico e para uma melhor preparação para a vida profissional. Habitualmente no mês de outubro são promovidas um conjunto de iniciativas no sentido de desenvolver competências transversais, que possam ajudar a preparar os estudantes para alcançar os seus objetivos académicos e profissionais.
A tendência é para que, ao longo do curso, os estudantes tenham mais interações com o mercado de trabalho.
Estudantes e alumni da UAlg têm ao seu dispor um portal de emprego com oportunidades de emprego e de estágios profissionais exclusivas. O portal permite, ainda, a obtenção de informação útil em matéria de mercado de trabalho e empregabilidade, consultar o perfil das empresas, tomar conhecimento de eventos promovidos pelas empresas ou pela UAlg e tomar conhecimento de experiências partilhadas por outros colegas ou partilhar a sua própria experiência. Através do programa de mentoria alumni pretende-se proporcionar aos estudantes acesso a novas oportunidades de conhecimento do mercado de trabalho e iniciar a sua rede de contactos profissionais.
Desde 2016 que o Gabinete Alumni e Saídas Profissionais promove uma Feira Anual de Emprego. A partir desse ano passou a ser realizado um inquérito para avaliar a inserção do recém-diplomados no mercado de trabalho, que recolhe informação sobre o grau de adequação da formação obtida.
Ferrão Filipe
Vice-Reitor da Universidade Portucalense (UPT)
Assistimos a uma evolução da sociedade, das relações laborais, das empresas, das profissões e das competências técnicas, pessoais e sociais nelas envolvidas, cada vez mais complexa traduzindo-se numa dinâmica em espiral que obriga a uma preparação adequada e contínua, para enfrentar os desafios atuais e futuros. Estamos perante um cenário que impõe a criação de uma cultura de aprendizagem ao longo da vida e é neste caminho que a Universidade Portucalense se coloca. Promove-se continuamente a atualização do curriculum dos cursos, tendo em atenção a integração de diferentes metodologias que promovam o saber, mas e principalmente o saber/fazer e o saber/ser, num contexto de aprendizagem contínua e experiencial, preparando os estudantes para a sua inserção e/ou progressão no mercado de trabalho e na vida. Mas a preocupação da UPT é mais extensa englobando os profissionais já inseridos no mercado de trabalho. Para este efeito acabamos de formalizar a criação das designadas Microcredenciais. Estas são diversas formas, flexíveis e modulares, de aprendizagem personalizada, independentes das qualificações anteriores, mais curtas e intensas que as formações tradicionais, apostando na diversidade e na criatividade.
Manuel Matos
Vice-Presidente
do Politécnico de Lisboa
A empregabilidade é uma questão incontornável para as instituições de ensino superior, que são escrutinadas pelos alunos que as procuram, por entidades externas, por empregadores e por organismos oficiais. Pela importância da área, o Politécnico de Lisboa tem vindo a investir de diferentes formas na área da Empregabilidade. A colocação dos nossos diplomados (licenciados e mestres) no mercado de trabalho conta com o apoio de uma plataforma específica em que se incluem mais de 400 empresas potencialmente recrutadoras. Os nossos diplomados são depois acompanhados através de um grupo de trabalho dedicado às suas Trajetórias Académicas e Empregabilidade. Este acompanhamento permite recolher as contribuições dos nossos alumni para a melhoria dos cursos quando já inseridos no mercado de trabalho.
O Politécnico de Lisboa oferece licenciaturas e mestrados nas áreas das artes, ciências empresariais, comunicação, educação, engenharia e saúde. Os cursos apresentam taxas de empregabilidade média acima de 95%, mas muitos dos cursos apresentam uma empregabilidade de 100% (dados oficiais da DGEEC).
Paula Castro
Diretora da Escola Superior
de Biotecnologia da UCP
Enquanto diretora da Escola Superior de Biotecnologia vejo um diploma universitário como um “passaporte” para a vida e entendo que um foco estrito nas saídas profissionais clássicas já não responde às exigências do mercado de trabalho. O tal “passaporte” termina carimbado por descobertas e vivências que conduzem cada aluno a um percurso único, valorizando-o e acrescentando-lhe competitividade.
Para alguém se preparar para o tsunami que a inteligência artificial está a induzir nos empregos deve, mais do que pensar em profissões, conhecer-se a si próprio e respeitar a sua motivação interior. Queremos que os nossos estudantes cheguem ao final do curso confiantes nas suas capacidades. Esses são os que vencem o futuro!
A nossa oferta em ciências e tecnologia também tem vindo a evoluir para fazer face à turbulência dos tempos. Para além do conhecimento como matriz, inclui competências que preparam para atividades profissionais que, em grande medida, ainda nem existem. Por isso criamos espaço para a interdisciplinaridade, o cruzamento com as humanidades, a aprendizagem à base de projetos e da investigação e, sobretudo, para a capacidade de pensar, sentir o mundo, evoluir e gerar o próprio conhecimento. Não me parece que os computadores alguma vez possam substituir-nos nisso.
Helena Faria
Diretora do Careers Services
do ISEG
No ISEG – Lisbon School of Economics & Management, a taxa de empregabilidade é superior a 98%, quer para os alunos de licenciatura, quer para os de mestrado. Os nossos alunos atuam num mercado muito competitivo, mas simultaneamente com muita procura, verificando-se, inclusive, um número de ofertas de emprego muito superior aos recursos disponíveis.
Porquê o nosso sucesso? A sólida formação académica associada a uma forte componente quantitativa, que desenvolve um elevado raciocínio lógico, um pensamento estruturado e conceptual, com capacidade para pensar e encontrar soluções para desafios, são requisitos essenciais procurados pelas empresas, a par de um adequado perfil pessoal assente em competências e caraterísticas chave.
Hoje as organizações recrutam, tendencialmente, com base nestes requisitos: elevado potencial cognitivo associado as sólidas competências pessoais, independentemente das áreas académicas de onde vêm. Isto faz com que os alunos do ISEG tenham uma elevada procura, da qual resulta uma rápida integração no mercado. Não obstante, a Escola deve continuar a investir no desenvolvimento das soft skills: algumas delas podem ser trabalhadas em sala de aula e outras através de atividades extracurriculares, que tanto incentivamos. As experiências da vida pessoal são igualmente importantes nesta equação. No topo das competências a desenvolver assinalo a resiliência (tão importante e valorizada pelas empresas), a liderança e as competências de comunicação.
O nosso objetivo é inspirar os alunos a pensar de forma crítica, a agir eticamente e a ter um impacto positivo na sociedade para se tornarem os líderes de amanhã, através de um compromisso entre a excelência académica, a pedagogia inovadora e o crescimento no domínio da economia e da gestão. Acima de tudo, acreditamos que a educação é um privilégio e que devemos utilizar os nossos recursos, os nossos conhecimentos e a nossa paixão para ter um impacto positivo na vida dos nossos alunos, da nossa comunidade e do mundo em geral.
Nós somos o ISEG e estamos empenhados em moldar o futuro através da educação.
Mariana de Sousa
Coordenadora do Career Office do ISAG – European Business School
No ISAG – European Business School (ISAG-EBS) temos a noção do que o mercado pretende, procura e privilegia. A nossa estreita ligação com as empresas, e a constante “monitorização” da evolução empresarial e económica, é o melhor garante de que os nossos cursos estão adaptados às necessidades e potenciam saídas profissionais adequadas.
Essa ligação ao mundo empresarial é também fortalecida através dos estágios que proporcionamos aos nossos estudantes durante a sua formação. São mais de 950 parcerias ativas em todo o mundo, o que é um aliciante adicional para os nossos estudantes.
Formamos profissionais que deixam a sua marca nas organizações que integram e que são o nosso melhor cartão de visita, que se traduz num índice de empregabilidade de 98%, que orgulhosamente registamos. Há todo um trabalho com os alunos que nos conduz a este resultado.
Mais do que garantir a empregabilidade, dispomos de serviços de apoio ao desenvolvimento dos estudantes, que procuram dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu sucesso académico, pessoal e profissional. Para nós a relação com os alunos não se deve esgotar no estudo e mantêm-se mesmo depois de terminado o curso, pelo que, para nós, é crucial a Rede Alumni.
Os Alumni são importantes stakeholders pelo seu contínuo investimento no sucesso do ISAG-EBS, esperando que o valor da sua formação se mantenha, e que possa ser atualizado de forma contínua. A Rede Alumni permite o acesso a uma rede de contactos que oferece oportunidades de negócio e a possibilidade de expansão e progressão profissional, o desenvolvimento de talento e de novas oportunidades profissionais. É este o propósito que une o ISAG-EBS e os seus estudantes.
Carlos Mata
Vice-Presidente do IPS
para a Empregabilidade
O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) mantém-se há vários anos no topo da empregabilidade do Ensino Superior Politécnico, com uma taxa de 96,6%. Um resultado que é consequência de uma aposta clara na inserção profissional dos seus estudantes/diplomados e que se traduz em várias medidas, desde logo na forma como são desenhados os cursos, a maioria deles com estágio curricular incluído, e na formação em contexto de trabalho, em estreita articulação com os empregadores.
Fora das salas de aula, o IPS criou várias iniciativas que permitem aproximar os estudantes da realidade laboral e complementar o conhecimento técnico com competências transversais hoje muito valorizadas. Neste âmbito, merece especial destaque a Semana da Empregabilidade, evento anual que tem como principal atrativo a oferta de vários momentos onde é possível a interação direta entre estudantes e potenciais empregadores, nomeadamente através da Feira de Emprego, que habitualmente mobiliza mais de 120 empresas e organizações. Já o nosso Programa de Mentoria tem confirmado a importância estratégica de colocar em contacto diplomados (mentores) e estudantes da instituição (mentorandos), num registo de acompanhamento/aconselhamento. Esta é mais uma forma de dar a conhecer a quem estuda os desafios reais do mercado, numa lógica de parceria que permite a troca de conhecimentos, experiências e pontos de vista, bem como a reflexão sobre projetos de vida e de carreira. Com o Passaporte para o Emprego criámos uma ferramenta que permite enriquecer o percurso académico com a frequência de várias atividades – seminários, workshops, conferências – que ficam depois registadas no seu Suplemento ao Diploma como formação complementar. E com a nossa incubadora de Ideias de negócio – IPStartUp – promovemos o empreendedorismo, outra das formas de reforçar, e também de diversificar, a empregabilidade.
Filomena Soares
Vice-Reitora para a Educação Mobilidade Académica da Universidade do Minho
Guilherme Pereira
Pró-Reitor para Avaliação Institucional e Projetos Especiais da Universidade do Minho
A Universidade do Minho assume, na região e no país, uma responsabilidade na capacitação das pessoas, proporcionando uma educação de qualidade, quer na formação de base quer na formação avançada e ao longo da vida.
A UMinho, no desenho dos seus programas educacionais, está atenta às novas áreas emergentes, às necessidades das organizações e às saídas profissionais dos seus estudantes. A UMinho vem afirmando um compromisso com a promoção de percursos educativos complexos, valorizando a qualidade da formação especializada, a articulação dos currículos com os contextos de trabalho e o desenvolvimento de competências transversais. A forte implementação industrial na região do Minho permite a estreita colaboração com as empresas em projetos educacionais, de investigação e de extensão. A complexidade dos problemas exige, muitas vezes, a adoção de abordagens multidisciplinares. A UMinho tem a este propósito uma história particularmente rica, que fomenta a colaboração de diferentes escolas, diferentes áreas do saber, no desenho de cada ciclo de estudos. A UMinho tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas que visam a monitorização do percurso profissional dos seus diplomados, de forma a promover mecanismos de aproximação às realidades do mercado de trabalho, através do desenvolvimento de competências técnicas e transversais. Destaca-se, também, a Aliança de Pós-Graduação, criada em estreita interação com a sociedade e as organizações, numa aposta na melhoria das qualificações dos licenciados.
Helena Correia
Associate dean for Undergraduate Education da Católica Porto Business School
Na Católica Porto Business School olhamos de forma proativa e antecipando tendências. Há vários eixos de diferenciação relevantes. Essas diferenças decorrem da nossa conceção da formação como uma experiência holística de aprendizagem e de vida, que desenvolve, para além das competências técnicas (hardskills), competências transversais e comportamentais (softskills) que são fundamentais na atual envolvente empresarial. A CPBS tem uma ligação muito forte com a realidade económica e empresarial, proporcionando aos alunos o acesso a uma rede estruturada de potenciais empregadores. E esta estreita ligação também nos permite antecipar e adaptar a oferta formativa às necessidades das organizações, da qual resulta uma constante inovação de programas e de metodologias. Alguns exemplos são o investimento crescente na inovação de práticas pedagógicas, através da aplicação de metodologias como project-based learning e aprendizagem-serviço em várias disciplinas, procurando que a experiência do aluno tenha sempre uma forte vertente aplicada. Também o reforço de temáticas ligadas à digitalização e tecnologias de informação de forma transversal. Ou a inclusão, nas licenciaturas, de um semestre opcional proporcionando-se aos alunos a oportunidade de aprofundarem o seu conhecimento numa área específica de interesse (Practice) ou de terem uma experiência de estágio internacional protocolado pela CPBS (Global). Ao longo de mais de 30 anos, a CPBS tem preparado profissionais para carreiras em Portugal e/ou no estrangeiro. A experiência formativa na Escola caracteriza-se também por uma significativa componente internacional, seja através da realização de disciplinas fora do país em programas de mobilidade, de missões internacionais, de trabalhos com alunos provenientes de outras geografias, ou ainda de disciplinas lecionadas em inglês. A excelência da nossa proposta de valor é confirmada não só pela elevada taxa de empregabilidade dos nossos alunos, mas também pelas contínuas renovações das acreditações a nível nacional e internacional. Com um modelo de ensino que dá prioridade à aproximação ao mercado de trabalho, através de uma forte cooperação universidade-empresa, que coloca os nossos alunos numa posição de vantagem para o início da sua vida profissional. Assim, a CPBS alinha a atividade de formação com a sua missão: preparar profissionais para os negócios globais com um grande foco no empreendedorismo, na sustentabilidade e no respeito pelas pessoas, antecipando as necessidades futuras das organizações e promovendo o desenvolvimento científico e o conhecimento aplicado.
Maria José Fernandes
Presidente do IPCA e do CCISP
O IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave – procura alinhar todos os cursos com as estratégias estabelecidas pelas empresas, evitando duplicações na oferta já existente noutras instituições. Além das licenciaturas, oferecemos cursos de mestrados e mestrados profissionais de curta duração, com a finalidade de reconhecer as competências que os candidatos já possuem na área específica onde trabalham. Também são oferecidos cursos técnicos superiores profissionais, em parceria com empresas, visando formação prática e técnica. As empresas são ouvidas no desenho dos currículos, sendo que grande parte dos cursos são construídos em parceria e muitas destas empresas financiam bolsas de estudo aos estudantes que cobrem as propinas. Parte dos cursos são ministrados no contexto empresarial e industrial com empregabilidade imediata. A duração dos CTeSPs é de dois anos, com um ano e meio em sala de aula e meio ano de estágio empresarial. Depois do estágio, o estudante obtém um diploma técnico, podendo prosseguir para uma licenciatura, se desejado. Como o IPCA oferece programas de ensino pós-laboral, muitos destes alunos (que já ficam no mercado após o estágio) optam por continuar os estudos nessa modalidade. Esta oferta tem sido uma resposta muito positiva para as empresas da região. O IPCA orgulha-se de ser uma referência a nível nacional em áreas como a Contabilidade e Fiscalidade, o Design e a Tecnologia. Está, também, a crescer no domínio da Hotelaria e do Turismo. Investimos na relação com o mercado e oferecemos formações nos diferentes níveis em parceria com empresas da região, de acordo com as reais necessidades das empresas. O que gera capacitação, empregabilidade e desenvolvimento.
Pedro Pinheiro
Presidente do ISCAL
As instituições de ensino superior devem encarar a empregabilidade como uma variável de desenvolvimento estratégico e como tal monitorizá-la de forma adequada. A análise do nível e qualidade da empregabilidade, dois conceitos de natureza distinta que muitas vezes são utilizados de forma indistinta, permitem a obtenção de um conjunto de indicadores de medição da adequação do processo formativo, tendo em consideração as necessidades do mercado e dos seus agentes. Assim, importa salientar que a empregabilidade decorre, em grande medida, da forma com o processo de definição e atualização da oferta formativa é encarado pelas IES. (…) Por outro lado, além do desenvolvimento de competências técnicas e científicas de elevada qualidade, também o desenvolvimento e a aceleração de competências de natureza não formal, pode assumir um papel fundamental neste processo, dado que permite que os estudantes possam estar mais preparados para os desafios da integração no mercado de trabalho.
Redação